Memórias

Tanto a viver, tanto a lembrar. O que iremos recordar? O que realmente nos lembraremos? O que ficará gravado em nós? Lembrar também é eternizar. Acessar, sentir e rever. Guardar em si. Ter a memória do que se viveu, do que viu, sentiu, ouviu. Memórias afetivas, olfativas, de paladar. Memórias visuais, memórias de histórias vividas, memórias de lugares, gravadas no consciente ou até no inconsciente, no coração e também na mente. Há que sentir e há de lembrar.

A infância é terreno fértil, terra de sonhos. Criar um filho nos faz revisitar nossa infância e em alguns momentos até voltar a ser criança, por que não? Guardo bonitas memórias da minha infância. Das histórias que meu pai contava para eu dormir, do sapatinho na janela em tempo de Natal. Do presente debaixo da cama deixado misteriosamente por Papai Noel. Brincadeiras de rua com os amigos da vizinhança. Brincar de escolinha, de restaurante, de boneca, de elástico, de acampamento com minha amiga de infância Larissa. Eu e ela inventávamos músicas: “Chuva Chuva vá embora, venha de novo outra hora, por que agora não vai dar, por que é hora de brincar”. Dos patins e da bicicleta rosa da Caloi que eu tinha. Dos meus irmãos dizendo que eu era café-com-leite nas brincadeiras (porque eu era mais nova que eles, a caçula e eles tentavam me proteger rs).

Da primeira dança na formatura do ABC. Da boneca Mônica da turma da Mônica que eu amava. De subir no cajueiro do quintal de casa, no jambeiro da vizinha. Dos almoços de domingo na casa de vovó, da voz forte e grave do meu avô materno. Lembro até hoje do gosto da carne de sol da minha avó, não encontrei mais nenhuma igual. De pedir todos os dias para painho trazer chocolate da padaria. Das revistas em quadrinhos que meu pai me dava. Das idas a praia, em família, aos finais de semana. Minha mãe me levando para aprender a nadar. As primeiras competições e medalhas de natação.

Piscamos o olho e eu já estava no cursinho pré-vestibular, negociando com minha mãe que eu podia ir e voltar de ônibus ao cursinho, sozinha rs. De memórias a gente vive. Vamos criar memórias. Co criar nosso presente para que no futuro haja memórias presentes. Que eu e Maria Flora possamos criar muitas memórias juntas, eternizando-as no tempo.

Lembrei-me do poeta Drummond, em seu poema Memória:

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond De Andrade.

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Fotografia registrada esta semana na Praia do Sapê, Ubatuba-SP.

4 comentários em “Memórias

  1. Esse texto ” Memórias ” publicado hoje lembra bem os momentos em família desde a sua infância, são histórias do passado que revivem na nossa memória e nos faz voltar ao passado e sentir tantas emoções de sentimentos de amor pela família que dedicamos como pai e mãe no esforço de dar o melhor aos filhos para que todos tivessem sucesso na vida e hoje vemos os frutos do que plantamos no sorriso dos netos que nos trás a alegria de que a família continua a crescer com os momentos felizes do presente que se eternizarão no tempo para que no futuro possamos criar memórias presentes como bem você falou. Que Deus abençoe sempre nossa família, abraços e beijos de saudades.

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